Wind Gap, cidade interiorana com pouco mais de 2.000 habitantes em que a população é divida em caipiras e elite, elite essa que dita as regras, pois controla o capital da cidade com sua fábrica de porcos, principal sustento da cidade.

Porém, isso é são apenas algumas informações que CamillePreaker( que faz parte da elite e,curiosamente, e filha dos donos dos negócios de porcos rsrs), jornalista de Chicago e ex moradora da Cidade passa para seu chefe editorial.

Assassinatos e sumiços de crianças aconteceram nessa cidade, Camile tem de voltar e enfrentar seu passado. Em meio a seus pensamentos, tudo que passou volta à tona e frases como, "Gostaria de poder dizer que sinto pena dele, mas temo que nunca mais conseguirei sentir pena novamente", se tornam constantes, advindas de seus próprios pensamentos e de lembranças de suas entrevistas já passadas.

O enredo.

O livro é narrado em primeira pessoa, dessa forma, podemos perceber inúmeras características gritantes do psicológico de Camile, uma delas é seu grande conhecimento sobre o luxo dos séculos anteriores, principalmente relacionado à arquitetura e decoração, como no trecho que segue:

"Os vitorianos, especialmente os vitorianos do Sul, precisavam de muito espaço para se manter distantes uns dos outros, para evitar tuberculose e gripe, fugir da luxúria a respeita, se proteger de emoções grudentas. Espaço extra é sempre bom.

No final do trecho vemos que sua ideia sobre a comunidade do Sul ainda é a mesma, com base na sua convivência famíliar,sendo assim, percebeu que nada muito mudou desde a era vitoriana.

Outro fator psicológico que merece destaque, em relação à CamilePreaker, é a frieza com que trata a morte, não apenas pelo fato lógico dela ser uma jornalista e ter de lidar com esse assuntos diariamente mas também pelo fato de algo que aconteceu quando ainda era adolescente - não posso mencionar, pois se encaixaria como spoiler - ,é perceptível esse aspecto em vários trechos, mas o que mais me chamou atenção foi este:

Eu sei que todos dizem, que nenhum pai deveria ver um filho morrer, que um acontecimento assim é como se a natureza seguissena direção contrária.Mas é a única forma de realmente mantê-lo como filho. Pois crianças crescem e forjam novas alianças, mais poderosas.Encontram um cônjuge ou um amante.Não serão enterrados com você.Os Keene,porém,permanecerão a forma mais pura de família.Sob a terra.

Impressões que obtive.

Confesso que nunca havia lido algum título cujo principal teor fosse o thriller, ou melhor, o suspense. Já estou acostumado à bizarrices icônicas, pois li inúmeras obras de Stephen King, e como sabem, ele manja nessa arte. Esse livro trouxe para mim uma visão real do nosso mundo, perpassando por todas as camadas, seja familiar seja social, diferente das obras de ficção fantástica e terror que estou habituado a ler, esse livro, apesar de ser uma ficção, pode dar-nos ideia de quão ruim o ser humano é, e o quão próximo isso pode nos acontecer. Gillian também alerta o leitor de que, apesar da convivência, conhecemos apenas nós mesmo e todos estão usando sua máscara diária para se introduzir na sociedade.